terça-feira, 23 de novembro de 2010

Sobre a idealização do amor...


Embebedaram-nos com uma ideia de amor. Um tal amor que só existe nos projetos ficcionais. E somos levados a crer que o suspiro vale mais que o pensamento. Somos levados a crer que amamos mesmo quando não amamos. Ensinaram-nos a lição às avessas: não é a novela quem imita a vida, é a vida quem imita a novela.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Sobre pessoas inconvenientes...

Pessoas incoventientes são fundamentais. Por mais que elas despertem em nós todos os constrangimentos que a alma humana é capaz de suportar, ainda assim são fundamentais. Se essas pessoas não furassem filas, nunca saberíamos como é sermos passados para trás; se não se espalhassem na casa da gente e não interrompessem nossas melhores conversas com nossos melhores amigos, não saberíamos o quanto a privacidade é valiosa; se não nos parassem para conversar nos momentos em que estamos mais apressados, não entenderíamos como o nosso o tempo e o dos outros é valioso; se essas tão irritantes pessoas não pedissem o nosso lanche quando estamos mais esfomeados, seríamos verdadeiros pedintes por esporte, mendigos da paciência alheia; se não nos tratassem mal não entendíamos nunca o verdadeiro valor da educação e dos bons modos. No final das contas devemos muito às pessoas incovenientes. Elas são nosso referencial de como não devemos ser. Ficam aqui os meus sinceros agradecimentos e a minha humilde homenagem.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Sobre a paixão...

Há quem acredite que a paixão é um sentimento inferior ao amor. A paixão seria a apoteose da carne enquanto o amor a apoteose da virtude. Se há algum problema, não é na paixão em si. Não há amor sem paixão. O amor é o vínculo mais nobre; a paixão é quem sustenta esse vínculo. O amor é a paixão amadurecida, provada. Não são coisas diferentes, mas diferentes estágios de uma mesma coisa. Não vilanizemos a paixão. Basta que nos apaixonemos pelas coisas certas, da maneira certa. Paixão é flor, amor é jardim e não se pode conceber uma coisa sem a outra.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Sobre a ansiedade...

A ansiedade é a grande adversária do sucesso. O ansioso é atormentado pela necessidade de antecipar as coisas, de resolver objetivamente seus problemas. Pessoas ansiosas não conseguem ter uma relação tranquila com o tempo. A leitura que fazem normalmente é a de que o relógio é sempre muito lento - de uma lentidão que soa quase como pirraça. O ansioso não entende que o tempo tem suas próprias manhas, manias e peças. Enquanto o ansioso luta com o tempo, o tempo, por sua vez, brinca com o ansioso. O ansioso é o brinquedo do tempo.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Sobre o escrever certo por linhas tortas...

Dizem que Deus escreve certo por linhas tortas. Discordo. Não que Deus não tenha o poder de fazê-lo, mas considerando Sua plenitude e perfeição de valores morais, seria muito mais sábio dizer que Ele endireita as linhas antes de nelas escrever alguma coisa. Claro, destoaria do ditado popular, mas seria mais coerente.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Sobre a dúvida...

Há muito que a dúvida é tida como um princípio de existência. O duvidar faz parte de nós tanto quanto o próprio respirar. Não há razão sem dúvida, embora nem toda dúvida seja movida pela razão. O certo é que já agora a dúvida se torna motivo de desistência. Por muito duvidar, muitas vezes desistimos. Quanto maior for a quantidade de caminhos maior será a quantidade de nossos medos e receios. Diante de tantas trilhas, muitas vezes empacamos. Sim, empacamos. E somos puxados pela vida; obrigados a seguir rumos, cortar estradas.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Sobre a fé...

A fé não é uma simples decisão; é uma sucessão de sacrifícios. Tenho pensado muito sobre isso. Porque quando o assunto é fé não basta apenas crer; é necessário também agir. Quem tem fé não tem medo do futuro nem trauma do passado. Quem crê acredita e faz agora – mesmo que o fazer seja simplesmente esperar. Quem tem fé não tem medo. Quem tem fé não precisa de pés - é conduzido pelas asas da própria esperança.

terça-feira, 4 de maio de 2010

Sobre a decepção...

A decepção é uma fábrica de verdades. Equanto a decepção não nos encontra, a ilusão fica no comando de tudo. O fato é que sonhar com o que não se conhece é uma espécie de péssima bem-aventurança; criar expectativas às vezes pode ser tão interessante quanto tentar acertar com balas de revólver um mosquito inquieto num vasto quarto escuro.

sábado, 1 de maio de 2010

Sobre as fofocas...

Quem inventou a fofoca por certo estava bastante preocupado em dinamizar a vida alheia. Eis uma grande arte: a de tornar patrimônio público a intimidade das pessoas. Há bons fofoqueiros e fofoqueiras na província onde habito. Acho, inclusive, que eles deveriam ser recompensados de alguma forma - quem sabe um Bolsa Fofoca ou um Vida Alheia Para Todos...?! .
Essa história de que fofoqueiro é desocupado é um grande injustiça. Tudo bem que eles normalmente não aplicam o tempo nos estudos, nem no trabalho, mas acreditam sempre lutar por uma causa maior. Quem passeia com a vida alheia nos lábios sempre acredita estar fazendo o certo. E quando são descobertos (as) sai a frasezinha clássica: "mas eu só queria ajudar!"
Não, essa história de dizer que quem vive de fofoca não tem o que fazer me deixa "indignado". É uma difícil missão, além de viver a própria vida, viver a vida de tantas outras pessoas.

Sobre as decisões...

O grande problema das decisões é que elas precisam ser tomadas. Somos seres cercados de escolhas por todos os lados - a vida é um mar de possibilidades. Fica muito mais complicado - e aí vem o segundo problema das escolhas - se pensarmos na possibilidade de que somos passíveis de escolher erradamente. Elas podem ser nossas heróinas em alguns momentos e nossas piores vilãs em outros. Esqueçamos aqui a demagogia do erro. É, aquela história de que o erro é importante e blá-blá-blá... no final das contas, todos jogam para acertar, todos querem ganhar. Além disso, há os que dizem que certo e errado, as polaridades que circundam as escolhas, são conceitos muitos circuntanciais. São? Não sei!
Ainda sobre as decisões, é mister constatar que existem aquelas que tomamos e também as que achamos que tomamos. Muitas coisas que fazemos achando que fizemos por conta própria estão muito além de nossa própria vontade. A decisão é como a morte - ninguém está livre dela enquanto estiver vivo.